sábado, 1 de maio de 2010

Maio 1963

Estava em pleno Rossio.
De repente houve-se uma barulheira e um corre corre, onde toda a gente se refugiava nos cafés e restaurantes que tinham portas abertas.Eu e um meu colega,estavamos hospedados no então Batalhão de Telegrafistas em Sapadores. Aparece o célebre carro da tinta azul e, fomos apanhados por esse jacto que nos marcou além da roupa também a pele. Sem saber do que se passava saímos logo daquele lugar , atravessamos a Barros Queiróz, subimos as escadinhas do Monte e, em pouco tempo estávamos no quartel a mudar de farpela.Sim, pois quando fomos verificar as pernas estavam com um zul de metilene que durava muito tempo a sair da pele. Essa farpela jamais foi vestida e, ainda hoje não sei que aconteceu para tal disparate, pois a vida parecia normal e, quanto a manifestações nem me lembro de as ver. Ainda há quem diga que no tempo da outra senhora é que era bom? Vou ali e já volto. Será que alguém ainda se lembra destas peripécias? Será que estou esquecido da data? Ainda faltavam alguns dias para o Maio de 68.Será que estavam a fazer um ensaio? Coisa boa não estavam a preparar.

4 comentários:

James disse...

Mas que coisas mais Vergonhosa!!! O que tera sido isso?? Nunca tinha ouvido falar em tal historia. parece que queriam marcar mais visivelmente aos pessoas, mais ainda do que já tinhão feito, e não só na pele.Pior ainda, na alma de um povo!! È ouvindo estas Historias que se percebe a diferença é com estas Historias que percebemos o Horror de quem viveu o regime de salazar e o Portugal cinzento e isolado de então! Terá sido algo organizado pela Pide?? Continuo consternado com tal acto. vou tentar encontar algo sobre isso. Muito obrigado por partilhar tal facto. Uma vergonha!!

Fatyly disse...

Pois é e embora não vivesse na metropole como eram famosos esses jactos de tinta porque para a PIDE e SALAZAR duas pessoas a conversarem num passeio já era uma multidão a conspirarem contra o regime ditaturial.

Também fico piursa quando falam que deveriamos voltar a esses tempos que a meu ver não foram devidamente esclarecidos sobre a realidade às gerações vindouras. Acho que quem a viveu como eu e tu e outros, não deveria "dourar a pílula" e quantas familias foram varridas do mapa apenas pelo simples facto de um vizinho denunciar que desconfiava que A ou B eram contra Salazar? e até hoje nenhum elemento da PIDE foi julgado e condenado pelas atrocidades cometidas. Onde estão? quem são?...

VIVA A DEMOCRACIA E A LIBERDADE!!!!

Anônimo disse...

Essas situações eram próprias do sistema repressivo em que se vivia.

O Estado Novo em toda a sua plenitude.

Não gostaria de ver o meu País voltar a esses tempos. Mas fico intranquilo quando sinto que agora os processos são outros.
Democraticamente (dizem) magoam ainda mais.

James disse...

Nasci em 1980 e não vivi nada destas coisas, mas sinto que as garras sujas de Salazar (por muito bem que ele quisesse ao país) estenderam-se até muito depois do seu desaparecimento. Hipotecou uma geração inteira e ainda hoje e por muitos mais anos pagaremos por ter deixado que tal figura tacanha e rude governasse Portugal. A eliminação das elites publicas intelectuais foi das maiores desgraças que foi feito em portugal por um Governante. Salazar embora vestido coma capa do bem, foi na verdade um criminoso como nunca antes chegara ao Governo de Portugal. O portugal de então está muito longe, mas os corvos no Governo começão hoje a desenhar-se mais uma vez embora de maneira diferente. E uma coisa destingue os Portugueses profundamente ainda dos outros povos da Europa. Os Portugueses são um povo sem brio, sem dignidade e sem orgulho. Não ha nada comparavel no resto da europa. Será isso um reflexo dos tempos da tal ditadura de 50 anos, ou a chegada de Salazar ao Poder não foi mais do que um reflexo de um povo que sempre foi tacanho?? Não sabemos, nem importa saber, porque a unica coisa que interessa é olhar em frente e construir um Futuro comun e encontrar em nós as formas de orgulho que nos falta, pois so assim se pode recontruir a forma como nos vemos a nós proprios e avançar num sentido mais coerente. Merecemos ser um Povo rico como os outros são. E não apenas assim-assim. Merecemos mais, o o que temos hoje não foi aquilo que os Homens do 25 de Abril sonharam! Bem haja mais uma vez por este post João!